Reorganize com Priscila Sabóia, Personal Organizer — Formação de personal organizers

Sobre ter um cachorro (ou um filho)…

Quem me acompanha sabe que eu tenho um filho (canino), o Google. Esses dias passei uns belos apertos com ele e só agora consegui contar pra vocês. Nesses momentos eu sempre fico me perguntando porque as pessoas acham que cachorro dá menos trabalho que um filho? Talvez porque ele dure menos, em torno de 14/15 anos. Talvez porque eles saibam comer e andar sozinhos com poucos dias, ou ainda porque muitas acham que, se der trabalho, é só abandonar na rua que o cachorro se vira (sim, tem muita gente que pensa assim). Aliás, não sei de mais nada…semana passada um casal abandonou uma criança de dois anos no meio de um shopping no RJ e saiu correndo né? Putz…enfim…

Bom, eu penso diferente e tive muitos, muitos problemas com o Google desde o início e nunca pensei em abandoná-lo ou doá-lo pra alguém. Quando eu digo MUITOS, foram muitos problemas mesmo. E isso não quer dizer que eu nunca tenha esbravejado, ou gritado ao chegar em casa e ver a casa toda mijada pelo cachorro. hahahaha

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Não tenho filhos (crianças) mas acredito que seja a mesma coisa. Haverá momentos muito difíceis, mas você tem que pensar em como resolver, em como educar para que essas coisas não aconteçam novamente, ter reserva de dinheiro pois uma coisa muito grave pode acontecer do dia pra noite.

Quando ele chegou lá em casa segui todas as recomendações que lia na internet, cada pessoa que eu conversava me dizia pra fazer de um jeito e ele continua o “terror da casa”. Fazia muito xixi em tudo que via pela frente, se ficasse preso, chorava igual criança que estava apanhando (o dia inteiro), se ficasse solto, fazia a festa pela casa fazendo besteiras atrás de besteiras. olha, não foi fácil. Foi em torno de 1 ano e meio nesse transtorno.

Recebíamos cartas e multas do condomínio, pois tínhamos que trabalhar e, com pena de deixá-lo trancado na cozinha, ele ficava na sala, logo ele uivava na porta o dia todo sem parar e isso ecoava apelo corredor. Ah, isso acontecia de madrugada também.

Começamos a passear com ele, levamos ele no adestrador, contratamos  faxineira mais uma vez por semana para ele não ficar tão sozinho, adaptamos toda a nossa rotina e…no final do mês, lá estava a cartinha da vizinha reclamona novamente.

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Ao mesmo tempo tinha sempre quem compreendia e nos ajudava. A vizinha de porta, exatamente do lado da minha casa, trabalhava de noite e ficava em casa durante o dia. Quando o via chorar, chamava ele na varanda pra brincar e ele ficava quietinho. Ela dava biscoitinho e tal e depois sempre vinha conversar comigo. Um anjo que caiu do céu.

Um dia resolvemos enfim castrá-lo, disseram que ia melhorar muito. Após alguns meses, quase nenhuma mudança, a não ser que ele estava um pouco mais calmo, mas ele ainda era novinho e cheio de energia. Queria brincar e a gente tinha que entender.

Nos mudamos então pra uma casa. Tudo bem que eu não tenho quintal, mas ele já fica bem felizinho de subir e descer as escadas o tempo todo. O que a gente não faz por um filho né?

Esses dias ele teve um problema onde, de início, achamos no mínimo que ele teria sequelas. talvez ficasse cego, talvez não conseguisse mais andar direito ou tivesse que fazer fisioterapia pra voltar a andar direito. Ficou internado, colocaram sonda, agulhas, ele passou a noite lá no centro veterinário e eu, desolada em casa. Sem nada poder fazer. vendo ele ali, tão forte, e ao mesmo tempo tão frágil e sedado. Quando a gente chegava pra visitar, ele mal reconhecia a gente, e isso doía fundo no coração, mas a gente tinha que ser mais forte do que tudo.

Começamos uma busca incansável de médicos que pudessem entender o caso dele, levamos ele em várias consultas em Petrópolis (tipo 100 km de distância da minha casa) porque lá tinha um especialista no problema dele. Fizemos diversos exames de todos os tipos, os mais invasivos possíveis e até agora nada de concreto foi dito.

Hoje, ele se encontra 99% google e aquele 1% meio estranho. Mas graças à Deus está em perfeita saúde. Levamos ele hoje no médico que costuma cuidar dele desde pequeno, com todos os exames e ele agora vai acompanhar o caso de perto também. No momento, não há o que fazer, já que ele melhorou e não se chegou à conclusão nenhuma do que aconteceu, mas nosso medo é que volte à acontecer.

Passei noites em claro olhando pra ele pra ver se ele respirava. Revezávamos durante a noite pra ver quem levava ele pra fazer xixi, porque nem isso ele conseguia. Ficamos treinando incansavelmente a subida dele na escada, na cama, no sofá e ele aos poucos foi voltando à ser Google. O nosso Google.

Portanto, antes de ter um cachorro, pense bem. Eu não tenho filho, mas suspeito que seja bem parecido, pelo menos em termos de sentimento.

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